sexta-feira, 16 de julho de 2010

Por uma oposição classista em todas as centrais!

Texto do Coletivo Lenin de 2008

O anúncio, no mês de julho, de que a CSC (Corrente Sindical Classista, do PCdoB) sairá da Central Única dos Trabalhadores para criar outra central, fez cair de vez os argumentos dos que diziam ser “mais à esquerda” romper com a CUT. Mesmo fora da Central, o PCdoB vai continuar com a sua política de tentar empurrar a Frente Popular alguns “milímetros” mais à esquerda, e trair todas as lutas que se choquem contra o governo.

O sonho da central própria

Existem correntes que saíram da Central Única dos Trabalhadores por uma política ultra-esquerdista. Mas, o que o PCdoB mostra é que, devido à reforma sindical, boa parte da esquerda está tentando construir seus próprios aparatos, de olho nas verbas estatais garantida pela pluralidade sindical. Por puro aparelhismo, todas estas correntes jogam pelo ralo a unidade dos trabalhadores.

Qual é o critério para se intervir ou não em uma organização sindical?

O que determina se os revolucionários devem ou não estar em uma organização sindical não é a política ou os conchavos de sua direção. Se assim fosse, o certo seria romper com a CUT desde que ela fez acordos de conciliação de classes nas Câmaras Setoriais, em 1992. O que determina se os revolucionários devem estar ou não em uma Central é o seu caráter de massas e o fato dela organizar, ainda que de forma pelega, as lutas dos trabalhadores. A CUT, com mais de 20 milhões de trabalhadores na base, ainda é o espaço por onde se constroem as principais campanhas salariais através de suas federações. Isto justificaria intervir nela, mesmo que só a Articulação estivesse lá!

Qual dessas centrais é referência única para a Classe?

Não devemos ser “saudosistas”, como o PCO, e considerar a CUT como a “verdadeira” e única central dos trabalhadores no Brasil. Tanto a CUT como as outras centrais, organizam setores da classe trabalhadora. A nova central do PCdoB, com 400 sindicatos, é maior que a CONLUTAS e a Intersindical juntas. Entretanto, ainda assim, permanecem 2.500 sindicatos na CUT. A CONLUTAS e a Intersindical são compostas majoritariamente pelo funcionalismo público, categoria que tem sido a mais mobilizada. Já na Força Sindical estão presentes grande parte dos metalúrgicos, comerciários e setores mais precarizados. A política correta dos revolucionários é intervir em todas as centrais construindo oposições classistas.

Estar em entidades separadas não evita acordões com a burocracia governista e formação de frentes populares no movimento.

Separar-se sindicalmente não faz as correntes políticas serem “mais à esquerda”. Isso porque, mesmo estando em entidades separadas, muitas dessas correntes fazem alianças eleitorais para disputar sindicatos. Foi assim nas eleições do sindicato dos Correios do Rio, quando o PSTU fechou com a Articulação; na Conferência dos Bancários RJ/ES, quando PSOL, DS (PT) e PCdoB, se aliaram; no Sintergia/RJ, quando formou-se uma aliança entre PSTU e os partidos burgueses PDT e PSB. Atos nacionais, como os dos dias 23/05 e 13/07, com linhas rebaixadas para viabilizar a conformação de um campo entre as cúpulas das centrais mostram que a “acochambração” desses acordões é o contrário do que precisamos para unir os trabalhadores nas lutas. Essa unidade deve ser construída desde a base através das oposições classistas em todas as centrais Isso significa, em primeiro lugar, oposição aos governos da burguesia, como o Governo Lula, e às direções oportunistas nas centrais. Não podemos e nem devemos separar a luta sindical da luta política.

Uma oposição classista significa, também, organizar os setores tradicionalmente marginalizados do movimento sindical, que historicamente é composto pela aristocracia operária. As mulheres, negros e homossexuais, juntos, formam a maioria esmagadora da classe trabalhadora. Só travando as lutas específicas desses setores, intervindo nos movimentos populares e lutando pela sua unidade com o movimento sindical, poderemos aumentar a presença destes setores no sindicalismo.

Somente através de uma luta contra as direções oportunistas, contra os governos de plantão e os empresários, será possível criar a unidade dos trabalhadores. Essa unidade é condição indispensável para a volta do movimento à ofensiva, depois da derrota histórica que foi o fim dos Estados Operários. Dar resposta às lutas das camadas mais exploradas da classe é questão-chave para construir um Partido Revolucionário dos Trabalhadores, dirigido por mulheres e negros.

Oposição Classista contra o Governo de Lula!
Lutar em Todas as Centrais Contra as Frentes Populares!

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