quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Terceiro boletim da Oposição Classista

Boletim 03 - Setembro de 2010

Greve dos Bancários: os trabalhadores precisam de um nova direção!


Depois de um mês de atraso, os sindicatos da CONTRAF (Confederação de Trabalhadores do Ramo Financeiro) vão decidir sobre a greve. Durante um mês, a direção da categoria (na maioria sindicalistas do PT e PCdoB) interrompeu a luta para fazer campanha eleitoral para Dilma Roussef.

Essa situação foi o retrato do governo formado pelo PT em aliança com partidos controlados pelos empresários (PL, PMDB etc). O PT diz que defende os interesses dos trabalhadores, mas sempre abre mão das nossas reivindicações para manter a sua "estabilidade" no Estado e não perder seus aliados, o que poderia acontecer se o partido se associasse novamente com a imagem de "grevista" e “radical” que já teve há muito tempo atrás.

Então, fica claro que o problema do movimento sindical é político. Os sindicatos só têm dois caminhos a seguir: ou eles trocam as lutas dos trabalhadores pela integração no governo e no Estado, ou eles levam as lutas até a sua consequência lógica e, para isso, combatem o próprio Estado e os governos que o administram.

Isso não significa dizer que todos os governos são iguais, e sim que só podemos apoiar um governo que defenda os interesses da classe trabalhadora, sem nenhuma aliança com os partidos dos patrões. Para isso é preciso um programa político que corresponda às necessidades dos trabalhadores.

E esse programa precisa ser levado adiante por uma organização dentro dos sindicatos. O Movimento Nacional de Oposição Bancária, dirigido pelo PSTU, mesmo dizendo que luta contra a direção petista dos sindicatos, não tem um programa correto. Ele se limita a defender a separação das mesas de negociação, o que dividiria mais ainda os trabalhadores e facilitaria que o governo atacasse a greve no BB e na Caixa com o argumento de que são greves só de "funcionários públicos", para depois deixar o setor privado (onde é mais difícil fazer greves) sem nenhuma conquista.

A questão é que o programa de uma oposição sindical tem que reconhecer a causa da situação em que vivem os trabalhadores. E essa causa não é apenas gerentes ruins e empresas que exploram demais, mas sim o sistema em que vivemos, o capitalismo. Sem um programa com medidas de ação anticapitalista, não podemos orientar as lutas até a vitória. Qualquer “reforma” que conquistemos, é sempre revertida quando a correlação de forças entre trabalhadores e patrões/governo se altera.

Por isso, o objetivo da Oposição Classista é lutar, nos sindicatos, por um programa de luta pelo socialismo, ou seja, por uma sociedade governada inteiramente pelos trabalhadores. Algumas medidas a serem tomadas para isso seriam:
- organizar os terceirizados em comissões por local de trabalho e integrá-los na luta com outros bancários;
- lutar pela transformação da PLR (que nos "amarra" à lógica de lucros dos bancos) em um aumento de salário permanente;
- estabilidade no emprego no setor privado;
- exigir salário igual para trabalho igual, como forma de combater o racismo e o machismo.

Para nós, a luta sindical é parte da luta pela revolução socialista. E essa é uma luta política, que precisa da formação de um Partido Revolucionário dos trabalhadores para ser vitoriosa. E precisa de uma luta constante contra o petismo que domina os sindicatos. Se você também defende uma perspectiva diferente para orientar a luta da classe trabalhadora, venha fale com a gente!

Entre em contato conosco através do e-mail

oposicaoclassista@yahoo.com.br

Segundo boletim da Oposição Classista

Boletim 02 - Julho de 2010
(Distribuído na categoria financeira do RJ)

Você vai ficar rico!

A Conferência Nacional dos Bancários se realizou entre os dias 23 e 25 de julho. Ela estabeleceu como principal reivindicação para a categoria o reajuste de 11% (inflação + 5%) e uma PLR de 3 salários brutos + 4000 reais, dividida em duas parcelas no ano.

A primeira coisa que temos a declarar sobre o assunto é que esse índice faz parte da mesma estratégia que o PT e o PCdoB têm mantido nos últimos sete anos: lutar pela reposição da inflação, com mais um ou dois pontos percentuais, pra ninguém poder falar que saímos da greve de mãos abanando.

A PLR alta, que logicamente os banqueiros não vão aceitar sem uma greve muito maior do que as que têm acontecido, é justamente o objetivo dos dirigentes dos sindicatos. Porquê? Qualquer reajuste no índice permanece até a aposentadoria, e reajustes posteriores vão partir já dessa base mais alta. A PLR não é salário, e pode muito bem diminuir depois. Além disso, a PLR, como qualquer outro tipo de remuneração variável, pode e vai ser usada pelas empresas para chantagear os trabalhadores, exigindo o cumprimento de metas infinitas.

A atitude da CONTRAF diante dessa armação tem que ser lutar para que o valor da PLR se incorpore definitivamente ao salário, acabando com a ligação entre o pagamento e os lucros semestrais. Temos que nos mobilizar e implementar tais demandas através de nossos sindicatos!

Só que o pior é o que a Conferência NÃO decidiu isso!

A reivindicação principal que deveria ser levada é a estabilidade do emprego. Sem ela, é impossível até mesmo organizar o movimento sindical e as greves nos bancos privados e entre os terceirizados.

Como os bancos cumprem a maioria dos direitos trabalhistas - por causa da pressão dos sindicatos - a forma que eles têm de reduzir os custos é demitir as pessoas após determinado tempo, sem ter nada a ver com compe

tência, para impedir que os funcionários tenham um saldo maior no FGTS ou subam nos vários planos de carreiras.

Além disso, a CONTRAF-CUT deve organizar imediatamente uma campanha pela inclusão dos terceirizados na Convenção Nacional, para reunificar a nossa categoria. Para colocar os terceirizados nessa campanha, é preciso criar comissões de terceirizados clandestinas onde for possível.

Existem terceirizados em setores-chave como a tecnologia, transporte de valores e malotes. Sem a ajuda deles, é impossível fazer uma greve parar de verdade a categoria!

Agora que essa pauta ridícula foi aprovada, o que fazer?

Não adianta abrir mão da greve por causa dela estar sendo manipulada desde começo para chegar a um índice baixo, sem nem discutir os problemas mais importantes da categoria.

Nós devemos, sim, nesse momento, pressionar as direções do sindicato, para que elas sejam empurradas mais além do que querem conquistar. Isso significa, principalmente, colocar em todas as assembléias a necessidade da luta pela estabilidade e pela unidade com os terceirizados (que, na maioria, são mulheres e negros, tradicionalmente discriminados no movimento sindical).

Mas isso não resolve a situação a longo prazo. O problema da categoria, e da classe trabalhadora em geral, é um problema de direção. Ou seja, precisamos substituir a direção oportunista dos sindicatos por uma direção que tenha outra política.

Um direção de defenda os trabalhadores até as últimas consequências. Que entenda que a luta dos trabalhadores é uma luta política; que não pode terminar nem se acomodar num governo do PT com os partidos dos patrões. Ou seja, que una a luta sindical com a luta política, defendendo a formação de um partido que lute pela revolução socialista, que é a única forma de mudar definitivamente a situação da classe trabalhadora.


O objetivo da Oposição Classista é justamente ajudar na formação de uma direção assim no movimento!

Junte-se a nós nessa luta!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Primeiro boletim da Oposição Classista

Boletim 01 - Julho de 2010
(Distribuído na categoria financeira do RJ)

A Campanha Salarial vai começar! Como ela funciona?

No mês de junho acontecem os congressos sindicais que formulam as nossas exigências de salário e condições de trabalho. Esses congressos são organizados pela confederação que reúne os sindicatos do ramo financeiro, a CONTRAF-CUT. A maioria das direções sindicais da CONTRAF é do PT, o que é muito importante para o que vamos falar mais adiante.

Os bancários são a única categoria no Brasil que tem uma Convenção Coletiva Nacional. Ou seja, todos os bancários do país têm os mesmos direitos. Isso impede que os banqueiros dêem menores salários e benefícios para os trabalhadores onde o movimento sindical seja fraco, e usem isso para chantegear os outros sindicatos do país para aceitarem a mesma coisa. O índice e as outras reivindicações são decididos no congresso nacional da CONTRAF, e os representantes que vão a esse congresso são eleitos em encontros estaduais abertos, feitos em fins de semana.

Há muitos anos as campanhas salariais se tornaram uma mera rotina, quase sempre com greves, mas com poucos resultados positivos. A categoria bancária tem sido fragmentada pela terceirização, as demissões são constantes, e o assédio moral cria graves problemas psicológicos em muitos bancários. E para piorar, muitas vezes os sindicatos se tornam trampolins para "fazer carreira" política.

Será que o movimento sindical só pode lutar por pequenos reajustes anuais e deixar tudo o mais como está? Será que é esse o único papel possível para os sindicatos?

Nós achamos que a prática da maioria da direção da CONTRAF leva a categoria apenas a pequenas conquistas, enquanto os bancos mantêm a sua rotina de enxugamento de pessoal e terceirização, que coloca todos os direitos em risco constante.

Diante disso, a solução não pode ser desistir de tudo. Devemos lutar para formar uma direção alternativa no movimento sindical, que leve a defesa da classe trabalhadora até as últimas consequências, sem ter medo de tomar medidas radicais. Ou seja, devemos formar uma Oposição Classista no movimento!

É importante entender o funcionamento do movimento sindical, porque muitas pessoas não o conhecem direito. Por isso, não percebem que qualquer índice baixo exigido é decidido nos congressos, antes das assembléias. Ou seja, a única forma de mudar o rumo atual do movimento sindical é se organizando desde o começo, permanentemente.

Isso é o contrário da atitude do Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB, dirigido pelo PSTU), que ignora esses congressos pra depois atacá-los no meio da greve. Além disso, o MNOB é contra a Mesa Única, ou seja, a negociação conjunta com todos os bancos, públicos e privados. O PSTU, ao fazer isso, acaba dividindo a categoria, criando a ilusão de que uma campanha salarial só dos bancos públicos poderia ser melhor. Isso é totalmente errado, porque o movimento (ou a ausência dele) nos bancos privados é determinante para o resultado de qualquer greve.

Convidamos todos os trabalhadores que concordem conosco a participar da Oposição Classista no sindicato dos bancários e na CUT.

Os sindicatos têm que organizar os terceirizados!

Ultimamente a própria a CUT e a CONTRAF têm falado que o ramo financeiro é muito mais amplo que a categoria bancária, incluindo os terceirizados da vigilância, securitários, dos serviços gerais, da informática etc.

Primeiro devemos dizer que a terceirização, além de ser uma forma de super-explorar os trabalhadores (através de salários baixíssimos e quase ausência de direitos), ainda por cima reproduz o machismo e o racismo da nossa sociedade. A esmagadora maioria dos terceirizados são mulheres e negros, que ganham bem menos e têm menos direito do que os bancários. Assim, como parte da super-exploração do trabalho terceirizado está diretamente ligada a essas formas de opressão, a luta contra a terceirização é também uma luta anti-racista e anti-machista.

Mas, apesar de seu discurso, a CUT e a CONTRAF pouco têm feito para organizar esses setores, que sequer possuem sindicatos. Hoje em dia, depois de mais de vinte anos de terceirização, é impossível avançar em qualquer luta no setor financeiro sem integrar os terceirizados nas greves e assembléias! A maior prova disso são as greves que vem ocorrendo desde 2003, em que os bancos não abrem, mas continuam com o sistema funcionando e vendendo produtos.

Por isso, defendemos que os sindicatos filiem os terceirizados e os organizem! Só organizando em massa os terceirizados é possível atingir alguma vitória da categoria financeira! (no caso dos bancos privados, a organização dos terceirizados e até mesmo dos próprios bancários deve ser feita através de comissões de empresa clandestinas, já que existe muita perseguição)

Se você concordar com isso, nos procure! Consideramos uma das nossas tarefas mais importantes criar essas comissões!

É preciso que o movimento sindical rompa com o petismo!

Para nós, a posição em relação ao governo do PT determina todas as outras. Como a maioria dos sindicatos são dirigidos pelo PT, eles diminuem o tom das críticas para preservar a estabilidade do governo. Ao fazer isso, eles usam o argumento de que Lula é uma defesa contra a volta da direita (PSDB-DEM) e que levar a luta pelas nossas reivindicações até o final poderia desestabilizar o governo frente à oposição reacionária.

Logicamente, nós da Oposição Classista defendemos a luta através de greves, ocupações de terras, passeatas etc., contra todos os setores da classe dominante. E sabemos que o partido preferencial dos grandes empresários é o PSDB.

Mas o governo Lula não é um governo dos trabalhadores! Ele foi formado desde o começo em aliança com os partidos dos patrões, como o PMDB e o PR, que contam com vários empresários em suas direções e votam várias medidas contra os direitos dos trabalhadores no Congresso Nacional. E por depender dessas alianças para se manter no poder, Lula e o PT nunca vão atender às nossas reivindicações além do ponto em que os patrões aceitem.

Por isso, defender o governo só pode levar ao recuo e à derrota das lutas! Não podemos aceitar a quase chantagem de ter que votar no PT todo ano para impedir “a volta da direita”, como está acontecendo agora com a candidatura de Dilma Roussef, sem ver nenhum problema estrutural da sociedade ser resolvido.

Justamente por isso nós da Oposição Classista defendemos a ruptura com o petismo e a construção, a longo prazo, de um partido revolucionário que realmente lute por um governo direto dos trabalhadores, estabelecido a partir de uma revolução socialista. Para nós, essa é a única forma de resolver os problemas estruturais da sociedade: tomando o poder dos patrões e defendendo, nós mesmos, nossos interesses de classe.

Coletivo Lenin, construindo a Oposição Classista

COLETIVO LENIN
Construindo a Oposição Classista

O Coletivo Lenin é uma organização marxista ligada à Tendência Bolchevique Internacional (TBI). Entendemos que nossa sociedade possui sérios problemas a serem superados e que tais problemas estão diretamente ligados à forma pela qual a sociedade capitalista funciona, o que significa que precisamos lutar por um novo modelo de sociedade se quisermos resolvê-los. E a luta anti-capitalista é uma luta de classes, pois os principais males do capitalismo são decorrentes da existência de uma classe de exploradores (os empresários, banqueiros e etc.) que vive do suor de uma classe de produtores e trabalhadores.

São os mesmos patrões que exploram nosso trabalho que estão no poder governando a sociedade, seja de forma direta (como foi no Governo FHC), seja através de alianças com setores traidores da classe trabalhadora (como ocorre hoje com o Governo de Lula com os empresários). Por isso nossa luta não pode se limitar à demandas imediatas (reformas), mas sim apontar a conquista do poder pelos trabalhadores, e não através das eleições dos poderosos, mas sim através da organização de assembléias de trabalhadores e camponeses.

Junte-se a nós nessa luta se organizando através da Oposição Classista, uma alternativa combativa e dos trabalhadores!

Acesse: WWW.COLETIVOLENIN.ORG

Todos aos comitês de luta pelas 30 horas de trabalho!

Texto publicado no Jornal Hora de Lutar nº17, órgão de informação do Coletivo Lenin

Passamos por um momento de divisão generalizada do movimento operário no Brasil. Há uma tendência por parte de cada corrente do movimento de criar o seu próprio aparato sindical, como a Conlutas, a Intersindical, a CTB, a CGTB e mais recentemente o fracassado CONCLAT convocado pelo PSTU. Esse tipo de iniciativa divisionista só vem diminuindo a força da classe operária e abandonando a disputa da consciência de milhões de operários sindicalizados pela CUT e com referência nesta, e como conseqüência deixando a maior parcela da classe sob a direção pelega e oportunista das variadas correntes do PT, principalmente a Articulação. Por isso, nesse momento qualquer iniciativa que possa unificar os trabalhados de diferentes setores deve ser incentivada e apoiada.

Neste sentido, o Coletivo Lênin, organização que tem por maior objetivo a construção de um Partido Revolucionário dos Trabalhadores, composto por maioria de negros e mulheres e que seja capaz de impulsionar a classe trabalhadora na sua luta revolucionária por uma sociedade radicalmente melhor, uma sociedade socialista, chama a todos os militantes a participarem da construção do comitê pelas 30h semanais de trabalho, por entender que esta é uma luta que unifica os trabalhadores regulares, terceirizados, informais e desempregados contra a exploração capitalista. Além disso, tal luta também compreende a abertura de mais postos de trabalho, sendo um questionamento direto à ditadura do capital sobre o trabalho, além de ser imprescindível para quebrar as barreiras entre os trabalhadores do movimento sindical e do movimento popular.

Entendemos que tal campanha deve aglutinar ativistas e correntes do movimento de forma independente à filiação às centrais sindicais, através da criação de comitês de base por locais de trabalho ou moradia. Ao mesmo tempo, coloca-se em xeque a campanha fantasma da CUT pela redução para 40h, que só vem acontecendo através de outdoors e notas de rodapé e que é puxada pela Articulação e Democracia Socialista (DS), corrente que compõem o governo de conciliação de classe do PT e que dirigem o país.

Nós do Coletivo Lênin saudamos a iniciativa dos companheiros do Pró-CTC (Coletivo dos Trabalhadores Conselhistas) e chamamos outras organizações, como LQB, LER-QI, LSR, PCR, PCB, PSTU e PSOL a participarem da organização da campanha e também a chamar pela criação de comitês de base nos lugares onde atuam. E uma vez formados esses comitês por local de trabalho e moradia deverão ir muito além da luta pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários, eles deverão se transformar no instrumento organizador das diversas lutas dos trabalhadores, de forma direta e democrática. Nesse sentido, convocamos todos os interessados para uma reunião que será realizada na Concha Acústica da UERJ no dia 30 de junho à 19h.

- Pela unificação da luta dos trabalhadores regulares, terceirizados, informais e desempregados na campanha pelas 30h de jornada de trabalho, através da organização dos comitês de base por local de trabalho e moradia!
- Pela reunificação das centrais sindicais na CUT como forma de reunificar o movimento operário no Brasil e avançar na disputa da consciência da classe trabalhadora!
- Pela construção do Partido Revolucionário dos Trabalhadores como instrumento capaz de impulsionar a luta pela revolução socialista no Brasil! Pela construção de um novo Partido Mundial da Revolução Socialista, como foram a III e a IV Internacionais até suas degenerações!

Por uma oposição classista em todas as centrais!

Texto do Coletivo Lenin de 2008

O anúncio, no mês de julho, de que a CSC (Corrente Sindical Classista, do PCdoB) sairá da Central Única dos Trabalhadores para criar outra central, fez cair de vez os argumentos dos que diziam ser “mais à esquerda” romper com a CUT. Mesmo fora da Central, o PCdoB vai continuar com a sua política de tentar empurrar a Frente Popular alguns “milímetros” mais à esquerda, e trair todas as lutas que se choquem contra o governo.

O sonho da central própria

Existem correntes que saíram da Central Única dos Trabalhadores por uma política ultra-esquerdista. Mas, o que o PCdoB mostra é que, devido à reforma sindical, boa parte da esquerda está tentando construir seus próprios aparatos, de olho nas verbas estatais garantida pela pluralidade sindical. Por puro aparelhismo, todas estas correntes jogam pelo ralo a unidade dos trabalhadores.

Qual é o critério para se intervir ou não em uma organização sindical?

O que determina se os revolucionários devem ou não estar em uma organização sindical não é a política ou os conchavos de sua direção. Se assim fosse, o certo seria romper com a CUT desde que ela fez acordos de conciliação de classes nas Câmaras Setoriais, em 1992. O que determina se os revolucionários devem estar ou não em uma Central é o seu caráter de massas e o fato dela organizar, ainda que de forma pelega, as lutas dos trabalhadores. A CUT, com mais de 20 milhões de trabalhadores na base, ainda é o espaço por onde se constroem as principais campanhas salariais através de suas federações. Isto justificaria intervir nela, mesmo que só a Articulação estivesse lá!

Qual dessas centrais é referência única para a Classe?

Não devemos ser “saudosistas”, como o PCO, e considerar a CUT como a “verdadeira” e única central dos trabalhadores no Brasil. Tanto a CUT como as outras centrais, organizam setores da classe trabalhadora. A nova central do PCdoB, com 400 sindicatos, é maior que a CONLUTAS e a Intersindical juntas. Entretanto, ainda assim, permanecem 2.500 sindicatos na CUT. A CONLUTAS e a Intersindical são compostas majoritariamente pelo funcionalismo público, categoria que tem sido a mais mobilizada. Já na Força Sindical estão presentes grande parte dos metalúrgicos, comerciários e setores mais precarizados. A política correta dos revolucionários é intervir em todas as centrais construindo oposições classistas.

Estar em entidades separadas não evita acordões com a burocracia governista e formação de frentes populares no movimento.

Separar-se sindicalmente não faz as correntes políticas serem “mais à esquerda”. Isso porque, mesmo estando em entidades separadas, muitas dessas correntes fazem alianças eleitorais para disputar sindicatos. Foi assim nas eleições do sindicato dos Correios do Rio, quando o PSTU fechou com a Articulação; na Conferência dos Bancários RJ/ES, quando PSOL, DS (PT) e PCdoB, se aliaram; no Sintergia/RJ, quando formou-se uma aliança entre PSTU e os partidos burgueses PDT e PSB. Atos nacionais, como os dos dias 23/05 e 13/07, com linhas rebaixadas para viabilizar a conformação de um campo entre as cúpulas das centrais mostram que a “acochambração” desses acordões é o contrário do que precisamos para unir os trabalhadores nas lutas. Essa unidade deve ser construída desde a base através das oposições classistas em todas as centrais Isso significa, em primeiro lugar, oposição aos governos da burguesia, como o Governo Lula, e às direções oportunistas nas centrais. Não podemos e nem devemos separar a luta sindical da luta política.

Uma oposição classista significa, também, organizar os setores tradicionalmente marginalizados do movimento sindical, que historicamente é composto pela aristocracia operária. As mulheres, negros e homossexuais, juntos, formam a maioria esmagadora da classe trabalhadora. Só travando as lutas específicas desses setores, intervindo nos movimentos populares e lutando pela sua unidade com o movimento sindical, poderemos aumentar a presença destes setores no sindicalismo.

Somente através de uma luta contra as direções oportunistas, contra os governos de plantão e os empresários, será possível criar a unidade dos trabalhadores. Essa unidade é condição indispensável para a volta do movimento à ofensiva, depois da derrota histórica que foi o fim dos Estados Operários. Dar resposta às lutas das camadas mais exploradas da classe é questão-chave para construir um Partido Revolucionário dos Trabalhadores, dirigido por mulheres e negros.

Oposição Classista contra o Governo de Lula!
Lutar em Todas as Centrais Contra as Frentes Populares!